Como as drogas atuam
no sistema nervoso central do viciado?
4º Parte
Álcool
Chamam-se alucinoses alcoólicas, e servem
de alerta para problemas ainda mais graves que possam acontecer, se o hábito
não for cortado a tempo. A causa mais frequente dos problemas com a marcha,
entre alcoólicos, reside no sistema nervoso periférico, quando os nervos distais
são atingidos pela polineurite alcoólica, mas o cerebelo, o órgão central da
coordenação motora, quando afetado pelo uso continuado de álcool, também produz
os mesmos problemas, e se estes ocorrerem junto a surtos de pequenos movimentos
repetitivos dos olhos (nistagmos) e alguma confusão mental, já estará indicando
uma encefalopatia de Wernick, doença que pode ser resolvida com a abstinência,
mas se o uso do álcool não for interrompido, o alcoólico será atingido pela
psicose de Korsakoff, uma devastadora doença psiquiátrica irreversivel, onde a
pessoa esquece as coisas corriqueiras da sua vida diária assim que elas
acontecem, reduzindo drasticamente os limites do seu campo de ação. Enquanto a
memória remota ainda estiver preservada, as pessoas vivem literalmente do
passado.
Essas doenças têm a haver com a
deficiência de tiamina, ou vitamina B1, cujo metabolismo é prejudicado pelo
álcool. Assim, o alcoólico pode até comer bem e apresentar essa deficiência
vitamínica, numa verdadeira fome oculta. Quando a engrenagem da dependência
está ativada num alcoólico, ele procura um meio de abastecer-se freqüentemente
para não sofrer os sintomas de abstinência, entre os quais destacamos:
Tremores: constituem um flagelo para os
alcoólicos porque, além de denunciá-los flagrantemente da sua condição, limitam
o uso das suas mãos, às vezes até mesmo para segurar o copo da bebida que lhe
quebrará o jejum, aliviando também os outros sinais de abstinência. Não só as
mãos tremem, pode tremer o corpo todo.
Náuseas: estas se apresentam logo ao
despertar e impedem uma higiene bucal conveniente. Talvez o alcoolista não
chegue a vomitar porque aprende contornar certas situações perigosas, como um
desjejum adequado, isto é, muito reduzido ou ausente.
Sudorese: a transpiração excessiva dá ao
alcoolista uma sensação de pele úmida, como se diz, um "suor frio",
que vai melhorando na medida em que ele vai entrando na sua rotina habitual.
Irritabilidade: em sua residência, o
alcoolista pode demonstrar-se irritado com seus familiares ou simplesmente com
o ambiente doméstico. Um leve toque de campainha será suficiente para abalá-lo.
Em um grau mais acentuado de dependência a sua perturbação de humor poderá
atingir patamares mais elevados, apresentando transtorno de ansiedade e
depressão.
Na esfera psíquica esses sintomas
contribuem de forma muito significativa para aumentar o consumo de álcool.
Convulsões: o limiar para convulsões fica
rebaixado nos casos de uso abusivo tanto de álcool como de cocaina, tornando os
seus usuários vulneráveis a episódios convulsivos, principalmente nos períodos
de abstinência ou de diminuição dos níveis orgânicos de álcool ou da freqüência
do uso da substância.
Delirium tremens: é um quadro grave que
pode assumir aspectos dramáticos, afetando os bebedores com longa história de
uso que por qualquer motivo interrompam ou diminuam significativamente a
ingestão de álcool.O DT costuma acometer os alcoolistas após uns poucos dias
(média de 3 a 6 dias) de abstinência. Ele se manifesta por rebaixamento da
consciência, confusão mental, alucinações principalmente sensoriais como a
visão, e mesmo a sensação de contato com aranhas ou outros animais (sempre
miniaturizados), tremores, transpiração e muitas vezes, febre.
Essa sintomatologia leva o paciente a uma
desorientação no tempo e no espaço. É comum uma interação do paciente com a sua
alucinação, conferindo-lhe uma sensação de pavor que aumenta ainda mais os seus
tremores.
O paciente precisa ser contido na cama
para evitar que se debata ou saia correndo, transtornado pelas suas
alucinações.
CONTINUA
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