A
PERCA DA IDENTIDADE
Neste fim de semana fui andar em um reduto de viciados em drogas
e conversar com alguns. Consegui não ser assaltado, fui muito assediado por
dinheiro e perdi alguns reais.
Mas em compensação conheci uma moça de 27 anos que parecia ter 40
anos de idade. Magra, frágil com acessos de tosse quase que intermitentemente,
que se ajoelha nos pés das pessoas para pedir dinheiro para manter o vício e
sempre consegue alguns trocados.
Ela me disse que fez Faculdade de Biologia, e foi lá que que
começo a usar drogas, primeiro a maconha, depois cocaína e agora está se
acabando no Crack. Disse-me também que a família dela desistiu de lhe oferecer
tratamento, abrigo e agora está só no mundo junto com o vício. Várias vezes
internada mas o vício continua cada vez pior lhe sugando a vida.
É doloroso ver uma moça que tem traços de uma pessoas bonita,
educada, que fala bem, que ás vezes anda na rua imitando buzina de carro e que
se esquece do nome esporadicamente, sempre abusada sexualmente por outros
drogados.
Não tem mais família, nem identidade somente um desejo nocivo de
se alimentar de um veneno que dentro em breve vai consumir sua vida. Não tirei
muitas informações dela a conversa foi curta poucos minutos depois se ajoelhou
aos meus pés pediu dinheiro para comprar doces, mas na verdade ela estava
pedindo uma ajuda para comprar drogas depois, já que o Crack aqui é a droga
mais barata, mata mais rápido, enlouquece, deixa muito agressivo e acaba com a identidade
da pessoa.
Qual deve ser o nosso posicionamento quando um drogado pede
dinheiro na rua, já que ele vai usá-lo contra própria vida, é mais ou menos dar
uma corda para quem quer se enforcar?
Eu nunca parei antes para pensar nisto, eu nunca neguei um
centavo e agora me sinto cúmplice de alguns assassinatos, responsável por
algumas mortes, é o resultado toda vez que você dá algum dinheiro para algum
viciado. Você não usa droga, más é como você também usa-se pois você ajuda a comprar.
Francisco Gouveia
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