Como as drogas atuam
no sistema nervoso central do viciado?
9º Parte
Maconha
A maconha é uma erva usada como
substância psicoativa perturbadora do SNC, geralmente de forma fumada.
O seu princípio ativo é o THC,
tetrahidrocanabinol. O teor de THC depende da variedade da planta, forma de
cultivo e preparação do produto, variando desde 0,5 a 2,0% até 60%, como é o
caso do haxixe, preparado da resina de folhas e flores dessa erva. A produção
ilícita da maconha (ou marijuana) tem se preocupado em apresentar variedades
com maior concentração de substância ativa como o "skunk", que conta
com até 22% de THC.
O início da ação e a duração dos seus
efeitos dependem da concentração do seu princípio ativo e da forma de
administração da droga (quando fumada o efeito é mais rápido mas menos
duradouro do que na forma ingerida), sendo que esses efeitos podem ser muito
relacionados com a disposição prévia do humor do usuário e do ambiente de uso.
Os efeitos de um "baseado"
(cigarro de maconha) constituem-se de uma alteração da consciência, diminuição
da atenção, estado sonhador com ideação livre e desconexa. Lentificação e
dificuldades da coordenação motora, voz pastosa, sendo importante o sentido de
lentificação do tempo e distorção do espaço, tornando a direção de veículos
perigosa até 10 horas após o uso. Pode aparecer uma sensação de grande
bem-estar, euforia e riso, acentuação na percepção de cores, mas também pode
surgir depressão do estado de ânimo ("baixo", na gíria),
despersonalização e desrealização.
Um cigarro com teor maior de THC pode
levar a alucinações visuais coloridas. Pode aparecer medo e pânico, distorção
da imagem corporal e sensação de peso nas extremidades.Os canabinóides possuem
receptores próprios (CB1) distribuídos pelo córtex cerebral (notadamente
pré-frontal) e cerebelo, bem como no sistema límbico, sobretudo no hipocampo e
nucleus accumbens, por onde liberam dopamina.
O seu uso habitual pode gerar
afrouxamento das associações com fragmentação do pensamento e comprometimento
da capacidade mental, alterações do pensamento abstrato, confusão, alterações
da memória de fixação, isto é, na transferência de material da memória imediata
para a memória de longo prazo. Prejuizo nas habilidades de falar corretamente,
formar conceitos, concentração, atenção, lentificação e dificuldades da
coordenação motora, ansiedade e depressão, oferecendo possibilidades para
alterações da personalidade tais como passividade, ausência de objetivos,
apatia, isolamento e falta de ambição e abrindo guardas para o uso de outras
drogas.
A longa vida do THC no corpo humano
(ocasionada por sua afinidade às gorduras onde se fixam) faz com que os
usuários possam, de fato, permanecer cronicamente intoxicados e exibir
prejuizos comportamentais e motivacionais, mesmo fora do período do uso ativo.
Trabalhos recentes correlacionam com
evidência a precipitação de surtos esquizofrênicos (psicose canábica) em jovens
predispostos.Os usuários de maconha não costumam se aperceber que grande parte
dos seus problemas foi gerada pela droga, e ainda mais, do quanto ela agravou
os problemas já tidos.
Em virtude de comprometer
fundamentalmente a memória e a atenção, acaba por comprometer a atividade
intelectual, o aprendizado e as habilidades sociais.
A maconha leva à dependência, com os seus
componentes – tolerância e sofrimentos de abstinência. Esta se apresenta com
pouca intensidade, pela propriedade do THC de ligar-se bem às gorduras onde podem
estocar-se por maior tempo como dissemos acima, mas mesmo assim ocorrem
problemas com o sono, irritabilidade e agressividade. Há que diga, com certo
alívio, que a maconha "só" causa dependência psíquica. Isso não faz
sentido, pois o que importa é que ela dá ao usuário a mesma impulsividade para
obtenção e uso como quaisquer das outras drogas que chamam de
"pesadas".
CONTINUA
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