Como as drogas atuam
no sistema nervoso central do viciado?
7º Parte
Cocaína
É uma das drogas de maior sustento para o
tráfico ilícito, em virtude do grande número de consumidores e da avidez com
que estes buscam a droga. O cloreto de cocaína é um pó branco
("farinha"), usado por aspiração nasal.
Ele também pode ser diluído
em água e injetado na veia. Quando a cocaína é tratada por reativos alcalinos
ela se empedra produzindo o crack, que é fumado. A cocaína possui um elevado
poder de dependência porque disponibiliza diretamente a dopamina na fenda
sinática por impedir o retorno desse neurotransmissor à sua célula de origem. Após
o neurotransmissor ter cumprido a sua missão junto ao receptor do neurônio
pós-sinático e, impedido de retornar à sua célula mãe, ele fica na fenda
repetindo a neurotransmissão, dando ao usuário o efeito imediato da droga. Nós
dizemos que a cocaína impede a recaptação da dopamina.
A recaptação é um mecanismo extremamente
importante para o funcionamento equilibrado do SNC, porque o neurotransmissor
tem que ser reciclado a cada uso para reagir eficientemente a novas exigências.
Para agravar mais ainda os malefícios
produzidos pela cocaína, esta droga ainda impede, da mesma forma, as
recaptações de mais outros dois neurotransmissores: a noradrenalina e a
serotonina.
Em virtude dessa ação farmacológica a
cocaína produz as sensações psicológicas de magnificência, euforia, prazer e
excitação sexual.
Quando usada de forma intermitente e em
doses altas, como por exemplo, em noitadas de "agito" ela pode
sensibilizar os neurônios, ocasionando irritabilidade com agressividade,
inquietação e paranóia. A engrenagem da dependência, no uso continuado de
cocaina, estabelece-se com a desativação de um número de receptores
pós-sináticos da dopamina, estendendo-se a outros receptores, como os da
noradrenalina e serotonina.
Essa adaptação traz sérias conseqüências
para o funcionamento cerebral, como o surgimento de estados paranoicos que
podem atingir níveis psicóticos bem como depressões graves que podem levar ao
suicídio.
A ação da cocaina sobre vários
neurotransmissores pode gerar conseqüências simultâneas em vários sistemas
orgânicos, entre as quais destacamos a mais comum, a falta de apetite, e a mais
grave, o derrame cerebral, ao lado de respiração ofegante, aumento da pressão e
até aumento da temperatura.
CONTINUA
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